domingo, 18 de dezembro de 2011

Crônica acerca de uma cabeça pensante

Você a mantém ocupada por tanto tempo e quando a deixa livre para poder tomar suas decisões é quando ela fica mais confusa. Pensei tanto que até gastou aqueles velhos devaneios.

Sempre ouço que quando as coisas estão muito calmas é de se duvidar. Como em uma praia: você está lá todo serelepe, brincando na água com aquela calmaria e do nada ZAZ! vem aquela puta onda gigantesca sobre você. Daí você se lembra que o mar é lindo, inspirante, mas é salgado.

É quase a mesma coisa na nossa vida. Quando tudo está calmo algo vem como a onda inesperada e te derruba, mas na vida nem sempre essa onda é salgada. 

O que está a chegar também era inesperado, lindo como o mar e a dança das ondas, mas é doce. Surpreende-te sem te empurrar, chega de mancinho e te conforta como um abraço apertado, longo e demorado.

Essa onda veio até a margem e levou de volta consigo o que não pertence a areia. Foi como um assopro forte na borracha esmerilhada sobre o rascunho de papel. A água fria que lava o rosto pela manhã. O banho quente no início da noite após um dia cansativo no trabalho. A lágrima sutilmente enxugada pelo lenço de papel.

Está limpo, vazio e precisando ser preenchido. Agora o rascunho já pode ser reescrito. O rosto está limpo para mais um dia. O corpo descansado para o aconchego da cama e o cobertor. Já as lágrimas estão secas, mas os olhos permanecem vermelhos. Isso leva um tempo, mas não muito. 

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Até que o álbum os separe

Vagando pela redação da faculdade não pude deixar de notar que duas amigas estavam olhando entusiasmadas um site sobre noivas. De longe era possível perceber o brilho nos olhos, a baba quase que caindo pelo canto dos lábios por cada vestido visualizado. Estavam sedentas por aquela vestimenta longa e branca, assim como os homens ficam quando vê uma Ferrari toda vermelha na rua.

Não consegui me apegar aos detalhes, mas percebi que se tratava de um desejo fora do comum. Parecia que estavam escolhendo o vestido de suas formaturas e não do matrimonio. Mulher tem muito disso em relação a vestidos. Homem usa o mesmo terno em várias formaturas, casamentos, reuniões e palestras, às vezes alternando a cor da gravata.

Citei a pouco a palavra matrimonio. Talvez essa palavra nem venha na cabeça delas quando estão diante de véus e grinaldas. A união abençoada por Deus fica em segundo, talvez em terceiro ou quarto plano.

As mulheres não querem o matrimonio, elas querem se vestir de noiva. Querem subir ao altar, mas não de qualquer jeito. Tem que ser com O Vestido. O mais branco, o mais longo, o mais bordado, ou mais isso ou mais aquilo; o mais lindo na visão delas. Logo depois é que vem a cerimônia. E não pode ser qualquer cerimônia, tem que ser no nível da premiação do Oscar. Tapete vermelho e tudo mais.

Mas a festa de casamento não acaba no final da noite depois que todos já encheram suas panças e estão caindo pelas beiradas de tanta bebida. Logo depois vem o principal, que é o que eternizará aquele momento, o que glorificará para sempre em sua memória, mais do que a noite de núpcias. Pois é, se é que terá depois de um dia longo e exaustivo, recebendo tantos convidados, tantos abraços, tantos parabéns. O que fixará para sempre o principal episódio das suas vidas será o álbum de fotografias.

E um fotógrafo não basta, precisa ser um batalhão deles. Como nos aeroportos, quando ficam todos espremidos em poucos metros quadrados a espera de um astro do rock, um presidente da republica ou uma seleção de futebol após vencer uma Copa do Mundo.


Para a mulher, o álbum de fotografias do seu casamento tem que ser melhor que o próprio casamento. O marido não precisa ser lindo. A sogra pode ser gorda e o sogro um careca que usa bigode, mas as fotos terão que ser as mais lindas possíveis e em grande quantidade com inúmeras poses.

E o álbum não pode ser também qualquer caderninho de brochuras, tem que ser daqueles que vem dentro de uma caixa fechada gigante. No estilo dos livros sagrados das fábulas, amarrado por um cordão todo estilizado. Bem provável que o álbum seja mais caro que o Buffet.

Agora, para que tudo isso?

- Rá! Qual a graça de fazer uma mega festa e não registrar nada? Podem até contratar uma equipe de filmagem, mas quem terá paciência para ficar assistindo? Por isso que é preciso ter o álbum para mostrar para aquelas suas colegas de salão de beleza, de trabalho ou do condomínio e que, por algum motivo ou falta de grana mesmo para o presente, não foram à cerimônia.

E para aquelas que também presenciaram a cerimônia, amarguem mais uma vez o seu sucesso. Não basta ter sido um sucesso, é preciso ostentá-lo. É preciso arrancar suspiros das amigas tidos como encalhadas. Aquelas que chegam aos 30 e ouvem sempre que estão ficando para titia. Que se não casar até essa idade, homem nenhum mais irá querer.

Porque não basta dizer que a festa foi linda, é preciso matar a cobra e mostrar o álbum. Fui embora e as deixei sonhando acordadas com as fotos dos vestidos. Quem sabe eu esqueça o sonho de ser um escritor e vire fotógrafo.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Perdendo o que não se tem

Noite fria e chuva fina. Tarde demais para uns, cedo o bastante para outros e para quem vive a espera do momento de ser feliz não existe a hora certa. O oceano vira uma poça d'água na frente de casa.

Tudo fechado. Parecia que a cidade tinha sido inabitada de propósito para que pudéssemos andar tranquilamente. O destino éramos nós dois em qualquer lugar e o ambiente parecia estar à espera de um espetáculo, um momento único que não poderia ser interrompido pelo caos cosmopolita. 

Notei sua maquiagem, seu cabelo, o sorriso se abria e os olhos se fechavam. O perfume já não é o mesmo; Deus teve piedade, talvez não me segurasse. Muita coisa mudou.

Risadas foram conquistadas, um pouco de saudosismo e lembranças de um tempo que passou. O tempo não passou para ela. Mas o tempo foi injusto, que ao seu lado o relógio não teve pena e correu o quanto pode. O já vou indo foi interrompido pelo fica mais um pouco. 

Como um adolescente que não encontra palavras certas, como uma criança que não conhece tantas palavras, como um adulto que escolhe demais o que falar, como um idoso que já ouviu de tudo e lamenta por quase tudo. Apequenei-me com tua presença, com tua voz e o seu novo perfume. Um refém.

Um súdito que ouviu calado a sua rainha, um paciente quando ouve atentamente sua analista, um filho obediente que ouve sua mãe, o aluno dedicado ao ouvir a sua professora. Observei, gravei cada palavra, sendo que nenhuma com embargo na garganta. Fluiu naturalmente.

Mas os olhos também dizem, às vezes mais que a boca. Ainda tinha brilho lá dentro, pensei que fossem lágrimas, então esperei elas caírem. Nenhuma gota. Mas eu percebi, diziam algo diferente do que eu ouvia. Ficará bem guardado.

Fiquei a espera do abraço que timidamente foi negado, mas o brilho nos olhos ainda era possível ver. Estavam lá. Angústia, tristeza, raiva, ressentimento ou qualquer outra inquietação. Contei os passos até o portão. Foram quatorze. Daí para dentro eu já não sei mais nada. 



sábado, 3 de setembro de 2011

Elas são o poder



Tenho um velho costume de analisar as pessoas, principalmente as mulheres. Sou um curioso nato pelo universo feminino. Comecei a observar atentamente o comportamento delas depois que li pela primeira vez Dom Casmurro.

Acho que tinha uns 16 anos. Detestei profundamente a Capitu. Senti medo de que todas fossem como ela e um dia eu acabar virando um Bentinho.

Na segunda vez que li, já vi uma Capitu diferente. Aprendi a admirar seu poder. Comecei então a procurar vestígios da Capitu em cada mulher. 

Não foi difícil achar, pelo contrário, é possível ver de muito longe. Nem todas sabem que tem esse poder, mas quando descobrem usam sem piedade.


As que ainda não descobriram são as que estão sempre deprimidas, principalmente quando acabam um relacionamento.


- Meu Facebook parece um poço de lamentações. Acho que encarnam o espírito de sexo frágil.


Acho incrível como se comunicam entre si, como agem quando estão furiosas ou quando estão atrás de atenção. Homem quando busca atenção se passa por ridículo, acho porque todos temos o lado ogro dentro nós, uns demonstram mais.


Mulher quando quer atenção de alguém, consegue. Mas é nesse ponto que acho curioso. Parece um pouco clichê tocar no assunto que as mulheres vivem em função das outras mulheres. Na verdade é que o mundo todo vive em função delas.


Uma vez um professor me disse que o mundo gira em torno da vagina.


- Ri descomunalmente por muito tempo toda vez que me lembrava.


Mas ele explicou que tudo que almejamos, é para conseguir uma vagina. Carro, casa, roupas, perfume, poder, enfim, tudo. O homem precisa ser interessante de alguma forma.


- Tá, mas e as mulheres?


Elas também. Querem tudo isso, além de um homem bonito - às vezes nem tanto - um homem bem sucedido, um ótimo emprego ou um lar harmonioso para impressionar outras mulheres.


- Tá, mas elas querem a vagina das outras?


Não, seu tonto! Elas já possuem a delas. O que ele quis dizer é que o homem faz sua vida em função de uma ou mais mulheres, e as mulheres o mesmo. O homem, no caso, é apenas uma figuração dentro do cenário criado por elas.


- Tá, então quer dizer que não tem para onde fugir?


De forma alguma, pois quem nasceu para ser Bentinho, nunca chegará a José Mayer.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Procure a resposta em você

É que foi belo e as lembranças fazem com que queiramos sentir tudo de novo. Foi intenso como é e sempre foi em nossas vidas.

Os erros são parte do aprendizado. Se errei no passado é porque não estava preparado para acertar. Oras, não nascemos prontos e tampouco vamos nos gastando com o tempo. Chegamos crus nesta vida e vamos nos fazendo durante ela.

O sofrer não é da alma, apenas o corpo que sente como também sente centenas de milhares de outras coisas. A alma é além do corpo, de tudo que existe de material nessa vida.

Por isso quando trocamos olhares, seguro em suas mãos e toco o seu rosto, não é corpo que está a sentir, mas a alma. Isso vai além.

Você engana seu corpo para que não sinta saudades, mas e quando a sua alma perceber quem realmente está aí? 

A vida não é longa e muito menos curta demais para acontecer o que está no destino. Pode ser que não seja nesta, porque os corpos se vão, mas nossas almas seguirão juntas.

Tenha a certeza que vai muito além do que conhecemos e iremos conhecer um dia.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Vê que é a nossa canção

Com medo de transformar tudo em poesia, quis saber de você em música. Toquei cada acorde como se estivesse a tocar os fios dos seus cabelos. Senti o ritmo do balançar das suas madeixas e a marcação em cada batida de seu coração.

A cada suspiro por uma troca de olhares, uma nota era extraída da canção que embalava nossa dança. Perto, próximo ao pé do ouvido eram lançados acordes reais, nada de falsetes. Eu dizia o que tocava em meu coração.

Quis o grande Maestro, que rege nossas vidas como sinfonias, que mudássemos de afinação. Revoltei-me e deixei a sexta em Ré, com passagens de sons cada vez mais pesadas, muitas das vezes sem um ritmo sequer.

Você não voltou para mim; que Mi é a afinação que hoje toco, mas ainda não entrosei a batida e o compasso. Continuo a treinar para um dia formarmos um dueto e aí tocarmos nossas vidas.

Alcançaremos notas ainda não atingidas.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Uma nova construção

Já não há mais dor, nem tão pouco angústia. Somos feitos de carne, feitos de amor, feitos do que o vento não levou e o tempo não apagou.

O vento só levou as folhas secas que estavam caídas. Deixou o coração com o terreiro limpo para somente uma pessoa construir o que quiser nesse quintal de sentimentos. De preferência a construção de um amor.

E se assim for, é preciso ser feito antes de tudo as alicerces da confiança e do respeito. Depois fazemos a parede das proteções e do zelo, mas sempre com janelas para receber o sol do amanhecer que é tão saudável. Uma outra para contemplar as estrelas e, se caso o céu estiver nublado, abre e deixa o vento balançar a cortina.

Cobre mais tarde, o telhado é para não deixar chover. Que chova lá fora e o frio não entre. O calor é bem vindo. Deixa aquecer. Não esquece de guardar sempre uma cópia das chaves das portas e não te preocupa se dentro faltar espaço, um edifício pode ser erguido. 

O quintal sempre foi seu, e está a sua espera para construirmos juntos. Ou você aí e eu aqui.

Quem sabe é o tempo, quem sabe é o destino.




terça-feira, 14 de junho de 2011

Mais uma crise instaurada

Quis Deus que fosse assim...

É algo que atormenta; um nó na alma. Fico tentando nivelar o passado e futuro, mas não basta porque o presente é uma rasteira bem dada. E com motivos.

Colhe-se o que se planta, está no dito popular. Quis Deus que fosse assim para experimentar o gosto amargo da frustração, o ardil do coração partido e esmagado.

Não há consolo. Não existe vento contra ou a favor que empurre, varra ou que pelo menos faça flutuar esse pó negro e angustiante.

Passou-se muito tempo, voou rápido o suficiente para que restasse algo, uma poeirinha que seja. Vou continuar respirando, enganando o que sinto e fantasiando felicidade com quem se arriscar a encenar a dança da ilusão de pessoas que se amam.

Não queria citar essa palavra que se cospe aos quatro cantos do mundo como se fosse um cumprimento. Já que fiz uso dela, não custa dizer que de verdade senti isso uma única vez. O que é mais cruel: continuo sentindo.

Mas eu percebi que isso não é momentâneo, não é coisa simples. Disse muitas vezes  e não era para ser dito. Não condiz com o que é real.

E agora, pago em silêncio ou tento negociar a dívida?

Quis Deus que fosse assim: duas alternativas.

Permita-se arriscar.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Quem é do lado de lá?

Sou eu...

Queria saber de você, da sua vida. Algo trava quando vou dizer quem está do outro lado, quem está querendo ouvir sua voz, mesmo que por poucos segundos.

Queria saber de você, que está longe, distante, mas que nunca sai de perto. Nunca saiu. 

Preciso de mais, ainda é pouco. Sempre vou sentir que falta algo, mas já esperei tempo demais para continuar nessa angustia. 

Quando vou saber de você? Vou continuar sendo um desconhecido do outro lado...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O que me leva até você

Tudo começou naquela noite fria do nosso inverno; em busca de diversão e com o pensamento em encontrar algo que preenchesse a solidão não somente naquela noite, mas em todas as que viriam pela frente. Ao encontrar aquele ambiente escuro e barulhento algo reluziu mais que qualquer outra coisa.

Estava lá, ouro e prata lado a lado em uma disputa quase que desleal. Mas de repente o ouro foi perdendo seu brilho e a prata ganhando luz, aos poucos o seu brilho era tão intenso que não pude suportar. Por muitas noites tentei encontrar explicação no porquê daquelas conversas ao pé do ouvido que, por causa do ambiente barulhento, foram se transformar em uma história tão linda.

Ainda me pergunto o que acontecera com o ouro que todos cobiçam e almejam. Deixei para trás, perdeu o sentido dessa busca. A prata que muitas vezes passa despercebida, acabou fazendo todo esse sentido e tudo foi tomando forma.

Bons e maus bocados fizeram parte da trajetória, mas isso fazia parte do contexto e exatamente isso foi o ápice dessa história que culminou em um final desastroso para ambas as partes. Sem se importar que não tenham sido preenchidas todas as noites, o que importa é a intensidade. Nossa história ainda não terminou.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Me espera

Quando eu te encontrar, é onde eu também me encontrarei. Espera-me, porque sei que no fundo é o que espera de mim. Que eu possa voar como fez para descobrir que sozinho não tem a mesma graça que teria com você aqui.

Eu me perdi por todo esse tempo e no vazio tenho sobrevivido, procurando em cada vestígio de lembrança algo que me coloque em sintonia com o seu presente. Lembrei-me mais do que esqueci. É, o mundo é justo. Sei bem, eu sei de cor. Tivemos o mesmo tempo longe um do outro para aí pensarmos no que iremos fazer.

Me espera pela última vez, porque a decisão está tomada. Bem sabe que não volto atrás, mas também não seguirei a diante, não sozinho. Me dê sua mão e faz clarear o obscuro, que assim enxergarei o caminho, porque de você não sei mais nada.

O mundo girou e aqui estamos; pelo menos aqui estou. Depois de muitas tempestades, o que chega é a primavera ensolarada em nosso ciclo. Assim, espero do destino o que ele me espera, que o vento me sopre como faz com as folhas e me faça flutuar para perto de você.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Continue voltando

Estou de volta. Hoje eu percebi. Enfim, talvez eu consiga o que não queria.

Vou tentar não pensar, mesmo que escrevendo isso já é estar pensando. Mas se pensar demais é duvidar, qual seria a solução?

Não pensar, talvez, assim quem sabe não teria. O medo não me solta, a volta que não aconteceria. Você que bate a porta, mas minha frieza te desvia.

Agora é você que não me solta, mas me desprendo e fico a sua volta, observando noite e dia o que faria.

Vai! Quanto mais nos soltamos, mais sentimos falta. Não é do que existe. Nem existiu.

Foi você que me prendeu, eu a soltei.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Descomplique-se

Quero ficar longe; de você quero estar perto, sempre perto.

Se estou perto sei que te machuco; longe sinto que te perco.

Mas de você também não quero mais estar perto, porque você machuca.

Quando me afasto sei que você se sente desprezada, com medo de me perder; você não me tem.

Mas quando se aproxima sinto que lhe tenho, mas não a quero mais.

Quero você, que hoje está longe. Porque você que está perto, te quero longe para não te machucar e você que se aproxima, às vezes, quero bem longe para não sofrer.

Simples assim...

sábado, 16 de abril de 2011

A despedida do sol

Ainda que a noite não tenha caído, levantou-se e seguiu até a praia para ver se restava algum vestígio do sol. Sentou. Aquela pele tão sensível e suas curvas provocantes mexeram até com a areia branca que, de imediato, aglutinou-se em seu corpo. Deu liberdade para que o vento envolvesse em seus cabelos cacheados e suas mãos tratavam de que os fios não atrapalhassem sua visão da despedida do sol.

Sentada ali, os últimos raios solares já não aqueciam o seu corpo, logo encolheu suas pernas de modo que protegesse o seu colo; abraçada com a perna e apoiando seu rosto sobre seus joelhos continuou a olhar o mar. Os sons das ondas com a força dos ventos soavam como poesia em seus ouvidos encobertos por seus cabelos esvoaçantes.

Já não se tem mais movimentos para descrever, pois ela está intacta, hipnotizada, assistindo o balé do oceano ao encontrar com a areia do continente. Mergulhada em seus pensamentos com tamanha beleza, agora é o mar que estas a admirar tanta ternura e pureza.

O sol se foi, mas ficou o brilho do seu sorriso sendo o espetáculo principal daquele inicio de noite. Levantou-se, retirou os vestígios da areia que estava em seu corpo e foi seguindo o seu caminho. Não há mais o calor, só o vento frio que insiste tocá-la fazendo sua pele sentir constantes arrepios e o mar  utilizando-se das ondas para dizer até breve ou logo mais. Jamais adeus.



Foto: pomeu.com

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Procura-se um herói

O Brasil está de luto. 

O massacre ocorrido na manhã desta quinta-feira (07) chocou milhões de brasileiros que acompanham os noticiários. Um rapaz de 23 anos de idade entrou em uma escola na cidade do Rio de Janeiro e efetuou disparos contra dezenas de crianças, ferindo ao todo 13 alunos e deixando 12 mortos. Tamanha barbaridade que abalou até a nossa presidente, Dilma Rousseff, que chorou em seu discurso. 

O governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, chamou o sargento Márcio Alves de "herói" por ter conseguido evitar mais mortes. Cabral também fez o mesmo elogio a uma professora que conseguiu fazer com que alunos fugissem do atentado e procurassem ajuda. Dois heróis, dois profissionais que já agem como tal no seu dia-a-dia. 

No Brasil, professor e policial militar são heróis com o que recebem de salário para as funções que exercem. Mas não são heróis como os que essas crianças e tantas outras estão acostumados a ver na tevê, são heróis do nosso cotidiano, que não usam mascaras ou capas para poder voar mais rápido aos que precisam de ajuda. Esses super-heróis usam transporte público precário, trabalham em péssimas condições, estão a mercê de bandidos com armamento de guerra e nem sequer possui um plano de carreira. Os nosso heróis pagam contas, e não são poucas.

Essa é uma história que mesmo tendo esses heróis, intitulados pelo governador Cabral, está longe de ter um final feliz. A tristeza de pais e familiares a espera das suas crianças que não retornarão da escola e desses heróis que amanhã acordarão cedo novamente para pegar ônibus e trens lotados para a batalha diária da sobrevivência.


Foto: G1

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mudou...

E vai continuar mudando.
Muda porque esse mundo é assim, doidão.
Depois de quase sete anos terei (?) meu tempo livre para dedicar a uma só pessoa: Eu.
Agradeço a todas essas pessoas que passaram na minha vida e deixaram sua história gravada no meu livro da existência. Sim, pois como um livro, acontecimentos da minha vida não são apagadas, mas apenas viradas como páginas de um livro onde outras histórias serão contadas.
Estão presentes muitas pessoas como citações, outras páginas e algumas como um capítulo inteiro.
Acho que tomei a decisão correta de encerrar mais um capítulo, pelo menos esse de uma forma menos trágica para os personagens e que foi escrito só com carinho, passeios e risadas.
Fica a dor de não ter sido prolongado, mas assim é a vida, foi encerrado o capítulo menos triste do livro da minha existência.