Foi tentando achar uma explicação e que depois de tanto pensar, juntando aqui ou ali alguns acontecimentos do passado, percebi então que quando menos espero eu perco o controle de algo sobre mim. Sou motivado pela felicidade alheia, pelo sorriso conquistado, por risadas fora de hora e pela paixão desprevenida.
Uso e abuso dos meus sentimentos; por dias acordo apaixonado e durmo decepcionado. Por outros, passo o tempo todo procurando o que faça despertar um sorriso bobo – daqueles sem motivos – ou um suspiro que para a honra masculina machista passa por despercebido. Sentimentos que um adolescente sabe bem o que é.
E é nesta fase da vida – a adolescência – que não temos controle de nada, principalmente o ciúme. Sentimento impróprio, chato, repugnante e avassalador. Quantos relacionamentos terminam por conta disso? Quantos amores sucumbem diante dessa tormenta arrasadora, que não tem dó e muito menos piedade? Só quem sentiu na pele sabe bem do que estou tentando dizer.
Mas essa tempestade – típica na fase inicial dos relacionamentos – sempre leva um pouco de chuva e vento para outras regiões. Não há como se esconder. Imprevisível, além do descarte. Quando já estamos bem calejados das pancadas mundanas, vem o ciúme. É dor que não passa com um assopro. Incomoda, limita nossos movimentos.
Olhamos, procuramos, encontramos, olhamos de novo. Ainda não satisfeito, olhamos mais uma vez. É um sentimento de ver e não acreditar, por isso a insistência até que nada prove o contrário. É porque nunca prova mesmo. Neste momento ninguém entra e ninguém sai. É um mundo paralelo que fazemos parte.
É uma mistura de insegurança com a falta do confiar em tal pessoa ou em você mesmo. Não temos controle, nem de nós e muito menos da outra pessoa. Instinto animal, quando um inimigo resolve invadir o seu espaço demarcado, mas para nós isso não existe. Não temos alguém como propriedade. De fato não nos pertence.
Há o ciúme involuntário, aquele que só existe em nossa imaginação. Também involuntário quando somos pegos de surpresa pela presença de um amigo – de onde nunca nos interessa – que nos toma como de assalto e fala de coisas que vivenciaram, ou seja, estamos fora da conversa.
Mas existe um tipo senão o pior, um dos mais terríveis. Aquele por pura maldade, que vem como forma de jogo. Masoquismo herdado da juventude e que a maturidade já deveria ter feito por saber que nada acrescenta.
Provocar o ciúme alheio é como derrubar o castelo de areia de uma criança na praia. Colocar açúcar na lasanha da sua mãe. Manchar com vinho o vestido da noiva antes do altar. É planejar a viagem dos sonhos, colocar todas as malas no carro e decidir ir trabalhar no dia seguinte. Um estrago provocado sem saber da sua dimensão.
Sim, existem aqueles que percebem tal disparate e interpretam como um surto de infantilidade, mas muitos caem nessa cilada. O provocador quer chamar a atenção, assim como os índios tocam tambores para chamarem a chuva. É o amor subtraído. Emana decepção. Desnecessário.
Provocar o ciúme alheio é desdenhar do amor.