terça-feira, 28 de junho de 2011

Vê que é a nossa canção

Com medo de transformar tudo em poesia, quis saber de você em música. Toquei cada acorde como se estivesse a tocar os fios dos seus cabelos. Senti o ritmo do balançar das suas madeixas e a marcação em cada batida de seu coração.

A cada suspiro por uma troca de olhares, uma nota era extraída da canção que embalava nossa dança. Perto, próximo ao pé do ouvido eram lançados acordes reais, nada de falsetes. Eu dizia o que tocava em meu coração.

Quis o grande Maestro, que rege nossas vidas como sinfonias, que mudássemos de afinação. Revoltei-me e deixei a sexta em Ré, com passagens de sons cada vez mais pesadas, muitas das vezes sem um ritmo sequer.

Você não voltou para mim; que Mi é a afinação que hoje toco, mas ainda não entrosei a batida e o compasso. Continuo a treinar para um dia formarmos um dueto e aí tocarmos nossas vidas.

Alcançaremos notas ainda não atingidas.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Uma nova construção

Já não há mais dor, nem tão pouco angústia. Somos feitos de carne, feitos de amor, feitos do que o vento não levou e o tempo não apagou.

O vento só levou as folhas secas que estavam caídas. Deixou o coração com o terreiro limpo para somente uma pessoa construir o que quiser nesse quintal de sentimentos. De preferência a construção de um amor.

E se assim for, é preciso ser feito antes de tudo as alicerces da confiança e do respeito. Depois fazemos a parede das proteções e do zelo, mas sempre com janelas para receber o sol do amanhecer que é tão saudável. Uma outra para contemplar as estrelas e, se caso o céu estiver nublado, abre e deixa o vento balançar a cortina.

Cobre mais tarde, o telhado é para não deixar chover. Que chova lá fora e o frio não entre. O calor é bem vindo. Deixa aquecer. Não esquece de guardar sempre uma cópia das chaves das portas e não te preocupa se dentro faltar espaço, um edifício pode ser erguido. 

O quintal sempre foi seu, e está a sua espera para construirmos juntos. Ou você aí e eu aqui.

Quem sabe é o tempo, quem sabe é o destino.




terça-feira, 14 de junho de 2011

Mais uma crise instaurada

Quis Deus que fosse assim...

É algo que atormenta; um nó na alma. Fico tentando nivelar o passado e futuro, mas não basta porque o presente é uma rasteira bem dada. E com motivos.

Colhe-se o que se planta, está no dito popular. Quis Deus que fosse assim para experimentar o gosto amargo da frustração, o ardil do coração partido e esmagado.

Não há consolo. Não existe vento contra ou a favor que empurre, varra ou que pelo menos faça flutuar esse pó negro e angustiante.

Passou-se muito tempo, voou rápido o suficiente para que restasse algo, uma poeirinha que seja. Vou continuar respirando, enganando o que sinto e fantasiando felicidade com quem se arriscar a encenar a dança da ilusão de pessoas que se amam.

Não queria citar essa palavra que se cospe aos quatro cantos do mundo como se fosse um cumprimento. Já que fiz uso dela, não custa dizer que de verdade senti isso uma única vez. O que é mais cruel: continuo sentindo.

Mas eu percebi que isso não é momentâneo, não é coisa simples. Disse muitas vezes  e não era para ser dito. Não condiz com o que é real.

E agora, pago em silêncio ou tento negociar a dívida?

Quis Deus que fosse assim: duas alternativas.

Permita-se arriscar.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Quem é do lado de lá?

Sou eu...

Queria saber de você, da sua vida. Algo trava quando vou dizer quem está do outro lado, quem está querendo ouvir sua voz, mesmo que por poucos segundos.

Queria saber de você, que está longe, distante, mas que nunca sai de perto. Nunca saiu. 

Preciso de mais, ainda é pouco. Sempre vou sentir que falta algo, mas já esperei tempo demais para continuar nessa angustia. 

Quando vou saber de você? Vou continuar sendo um desconhecido do outro lado...

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O que me leva até você

Tudo começou naquela noite fria do nosso inverno; em busca de diversão e com o pensamento em encontrar algo que preenchesse a solidão não somente naquela noite, mas em todas as que viriam pela frente. Ao encontrar aquele ambiente escuro e barulhento algo reluziu mais que qualquer outra coisa.

Estava lá, ouro e prata lado a lado em uma disputa quase que desleal. Mas de repente o ouro foi perdendo seu brilho e a prata ganhando luz, aos poucos o seu brilho era tão intenso que não pude suportar. Por muitas noites tentei encontrar explicação no porquê daquelas conversas ao pé do ouvido que, por causa do ambiente barulhento, foram se transformar em uma história tão linda.

Ainda me pergunto o que acontecera com o ouro que todos cobiçam e almejam. Deixei para trás, perdeu o sentido dessa busca. A prata que muitas vezes passa despercebida, acabou fazendo todo esse sentido e tudo foi tomando forma.

Bons e maus bocados fizeram parte da trajetória, mas isso fazia parte do contexto e exatamente isso foi o ápice dessa história que culminou em um final desastroso para ambas as partes. Sem se importar que não tenham sido preenchidas todas as noites, o que importa é a intensidade. Nossa história ainda não terminou.