Com medo de transformar tudo em poesia, quis saber de você em música. Toquei cada acorde como se estivesse a tocar os fios dos seus cabelos. Senti o ritmo do balançar das suas madeixas e a marcação em cada batida de seu coração.
A cada suspiro por uma troca de olhares, uma nota era extraída da canção que embalava nossa dança. Perto, próximo ao pé do ouvido eram lançados acordes reais, nada de falsetes. Eu dizia o que tocava em meu coração.
Quis o grande Maestro, que rege nossas vidas como sinfonias, que mudássemos de afinação. Revoltei-me e deixei a sexta em Ré, com passagens de sons cada vez mais pesadas, muitas das vezes sem um ritmo sequer.
Você não voltou para mim; que Mi é a afinação que hoje toco, mas ainda não entrosei a batida e o compasso. Continuo a treinar para um dia formarmos um dueto e aí tocarmos nossas vidas.
Alcançaremos notas ainda não atingidas.