Está aberta a temporada de fugas e desculpas. Chega do mesmo
e o oposto imperando em nossas vidas. Vamos atrás do similar, parecido, análogo
ou quem sabe o tão abençoado algo em comum. Vamos aplicar um filtro para nossas
escolhas.
É um espaço dado inconscientemente. Uma pequena brecha ao
convidativo que a carência e a solidão entram em estado de libertação. Provocamos
o hasteamento da bandeira branca para decretar nossa paz interior.
Não olhamos além. É a irracionalidade que nos entorpece,
tira o foco, altera a rota, se intromete no destino. É a atração que nos invade
sem pedir licença. Hipnotiza.
O argumento são sempre os mesmos: afinidade, beleza física,
bom papo, senso de humor, entre outras. Mas entre as citadas, a primeira talvez
seja a mais importante, pelo menos a médio e longo prazo. Afinidade é o carro
chefe, seja em um caminho plano, estreito, sinuoso, é o que dita o ritmo.
É sensacional quando contamos histórias e de repente ouvimos
um “eu também”, mas quando somos nós que estamos ouvindo e os olhos brilham na
identificação com o que foi contado, é de peito estufado que dizemos “nossa,
que irado. Eu também”. Faz-nos ir além da imaginação. Vicia, aglutina, é quase uma
viajem transcendental para um futuro a dois. É como acertar - de primeira - a
chave da porta no meio entre tantas no molho.
Toda mudança gera um desconforto, por isso queremos mundos
parecidos. Não é facilitar, tampouco dar um “jeitinho”. Queremos descomplicar o
mundo dos ditos racionais. Friamente pensando, é a busca do mais óbvio.
Então que
seja sempre assim: meu mundo, seu mundo, nosso mundo.