sábado, 16 de abril de 2011

A despedida do sol

Ainda que a noite não tenha caído, levantou-se e seguiu até a praia para ver se restava algum vestígio do sol. Sentou. Aquela pele tão sensível e suas curvas provocantes mexeram até com a areia branca que, de imediato, aglutinou-se em seu corpo. Deu liberdade para que o vento envolvesse em seus cabelos cacheados e suas mãos tratavam de que os fios não atrapalhassem sua visão da despedida do sol.

Sentada ali, os últimos raios solares já não aqueciam o seu corpo, logo encolheu suas pernas de modo que protegesse o seu colo; abraçada com a perna e apoiando seu rosto sobre seus joelhos continuou a olhar o mar. Os sons das ondas com a força dos ventos soavam como poesia em seus ouvidos encobertos por seus cabelos esvoaçantes.

Já não se tem mais movimentos para descrever, pois ela está intacta, hipnotizada, assistindo o balé do oceano ao encontrar com a areia do continente. Mergulhada em seus pensamentos com tamanha beleza, agora é o mar que estas a admirar tanta ternura e pureza.

O sol se foi, mas ficou o brilho do seu sorriso sendo o espetáculo principal daquele inicio de noite. Levantou-se, retirou os vestígios da areia que estava em seu corpo e foi seguindo o seu caminho. Não há mais o calor, só o vento frio que insiste tocá-la fazendo sua pele sentir constantes arrepios e o mar  utilizando-se das ondas para dizer até breve ou logo mais. Jamais adeus.



Foto: pomeu.com

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Procura-se um herói

O Brasil está de luto. 

O massacre ocorrido na manhã desta quinta-feira (07) chocou milhões de brasileiros que acompanham os noticiários. Um rapaz de 23 anos de idade entrou em uma escola na cidade do Rio de Janeiro e efetuou disparos contra dezenas de crianças, ferindo ao todo 13 alunos e deixando 12 mortos. Tamanha barbaridade que abalou até a nossa presidente, Dilma Rousseff, que chorou em seu discurso. 

O governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral, chamou o sargento Márcio Alves de "herói" por ter conseguido evitar mais mortes. Cabral também fez o mesmo elogio a uma professora que conseguiu fazer com que alunos fugissem do atentado e procurassem ajuda. Dois heróis, dois profissionais que já agem como tal no seu dia-a-dia. 

No Brasil, professor e policial militar são heróis com o que recebem de salário para as funções que exercem. Mas não são heróis como os que essas crianças e tantas outras estão acostumados a ver na tevê, são heróis do nosso cotidiano, que não usam mascaras ou capas para poder voar mais rápido aos que precisam de ajuda. Esses super-heróis usam transporte público precário, trabalham em péssimas condições, estão a mercê de bandidos com armamento de guerra e nem sequer possui um plano de carreira. Os nosso heróis pagam contas, e não são poucas.

Essa é uma história que mesmo tendo esses heróis, intitulados pelo governador Cabral, está longe de ter um final feliz. A tristeza de pais e familiares a espera das suas crianças que não retornarão da escola e desses heróis que amanhã acordarão cedo novamente para pegar ônibus e trens lotados para a batalha diária da sobrevivência.


Foto: G1