Os planos
do dia seguinte é a tormenta da noite anterior. Ansiedade que surge em versos e
prosas na minha cabeça. Conversas e risadas entre neurônios que me tiram o sono
e tiram o sossego. Impossível até para fechar os olhos e ao abrir ver que o dia
ainda não despertou.
Levanto
cedo para te ver, bonita manhã interiorana. Sorrir pelo caminho, contar as
horas e minutos. Ansiar pelo abraço, pelo toque, pelo beijo apaixonado de rosto
inteiro. Ser suprido de toda a expectativa, vambora que o dia só começou.
O sol que
esquenta lá fora se torna pouco do calor que vem de dentro. Tão ardente que até
a estrela maior se rendeu a chuva. É a tempestade que veio em boa hora para
abafar o barulho do nosso corpo e refrescar o calor da noite que se elevou.
Já não
conto as horas, pois não demora nesse banho que vou eu aí secar. Empresto minha
camisa pra que fique o seu cheiro, junto do meu desejo de sentir-te sempre
mais. Descoberto pelo seu sono, abraçando pouco a pouco, durmo antes só pra te
ver acordar.
Mas é nas
nossas voltas, desapegados em plena relva, pés pro alto ao poente que ficamos a
nos beijar. Tão sorridentes às folhas secas, abraçando árvores que nos
observam, nos inspiram, que nos ligam mesmo distante um do outro.
Fugindo
do mundo que abraçamos é que encontramos o nosso mundo de provocações. A nossa
rebeldia aos amores pré-fabricados. Ao imposto que nos deixa a margem, pois
estamos abraçados do lado de fora, sem ter coragem de entrar.
Tudo como
planejado. Ir e voltar, mas nunca para me despedir. O último olhar para trás e
também te ver partir. Despedida na rodoviária em noite chuvosa, o pára-brisas
molhado escorre para cima, lágrimas da saudade empurradas com vento de
felicidade.
O
limpador é para secar as lágrimas, enxugar o rosto choroso e então apenas
lembrar-se do que te faz feliz. Do que te faz, bonita.