segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Ao nosso mundo de fuga

Os planos do dia seguinte é a tormenta da noite anterior. Ansiedade que surge em versos e prosas na minha cabeça. Conversas e risadas entre neurônios que me tiram o sono e tiram o sossego. Impossível até para fechar os olhos e ao abrir ver que o dia ainda não despertou.

Levanto cedo para te ver, bonita manhã interiorana. Sorrir pelo caminho, contar as horas e minutos. Ansiar pelo abraço, pelo toque, pelo beijo apaixonado de rosto inteiro. Ser suprido de toda a expectativa, vambora que o dia só começou.

O sol que esquenta lá fora se torna pouco do calor que vem de dentro. Tão ardente que até a estrela maior se rendeu a chuva. É a tempestade que veio em boa hora para abafar o barulho do nosso corpo e refrescar o calor da noite que se elevou.

Já não conto as horas, pois não demora nesse banho que vou eu aí secar. Empresto minha camisa pra que fique o seu cheiro, junto do meu desejo de sentir-te sempre mais. Descoberto pelo seu sono, abraçando pouco a pouco, durmo antes só pra te ver acordar.

Mas é nas nossas voltas, desapegados em plena relva, pés pro alto ao poente que ficamos a nos beijar. Tão sorridentes às folhas secas, abraçando árvores que nos observam, nos inspiram, que nos ligam mesmo distante um do outro.

Fugindo do mundo que abraçamos é que encontramos o nosso mundo de provocações. A nossa rebeldia aos amores pré-fabricados. Ao imposto que nos deixa a margem, pois estamos abraçados do lado de fora, sem ter coragem de entrar.

Tudo como planejado. Ir e voltar, mas nunca para me despedir. O último olhar para trás e também te ver partir. Despedida na rodoviária em noite chuvosa, o pára-brisas molhado escorre para cima, lágrimas da saudade empurradas com vento de felicidade.

O limpador é para secar as lágrimas, enxugar o rosto choroso e então apenas lembrar-se do que te faz feliz. Do que te faz, bonita.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Amor industrializado

Aos que hoje enfrentam a dura batalha da desilusão amorosa, daquela paixão foiçada pelo meio sem dar sinal de chegada e nem de saída. A dor que não se cura com remédio e que as memórias insistem em nos perfurar com lanças de saudade. É o medo dos dias desconhecidos que estão por vir. Medo da ausência e a aproximação da carência.

A carência é um estado de baixa imunidade. Somos facilmente contagiados por qualquer demonstração de carinho. A solidão se torna um paciente em fase terminal. O amor é um viral.

Normalmente engolimos o comprimido amargo do equívoco. Um conta-gotas do tempo que desce azedo pela garganta e nos faz delirar pela sala de espera de um novo amor.

Então vem a busca pela ocupação do leito vazio que foi deixado por outro paciente. Miramos em um novo relacionamento, o que não é a melhor receita. Entrar em outro para esquecer o anterior é tentar transferir sentimentos.

O chamado “Amor industrializado”, esses que pegamos quase pronto. Sempre tem prazo de validade. Cada pessoa tem seu próprio espaço, como um recipiente, onde cada um tem sua dose de sentimento para dar e receber. É brincar com o sentimento alheio. Tamanha irresponsabilidade.

É um impulso para querer se livrar de uma dor e que normalmente a usamos como instrumento para medir o tamanho do nosso sentimento. Não se mede o amor pelo tamanho do seu sofrimento.

Repouse, pois o amor também recebeu alta.