domingo, 18 de dezembro de 2011

Crônica acerca de uma cabeça pensante

Você a mantém ocupada por tanto tempo e quando a deixa livre para poder tomar suas decisões é quando ela fica mais confusa. Pensei tanto que até gastou aqueles velhos devaneios.

Sempre ouço que quando as coisas estão muito calmas é de se duvidar. Como em uma praia: você está lá todo serelepe, brincando na água com aquela calmaria e do nada ZAZ! vem aquela puta onda gigantesca sobre você. Daí você se lembra que o mar é lindo, inspirante, mas é salgado.

É quase a mesma coisa na nossa vida. Quando tudo está calmo algo vem como a onda inesperada e te derruba, mas na vida nem sempre essa onda é salgada. 

O que está a chegar também era inesperado, lindo como o mar e a dança das ondas, mas é doce. Surpreende-te sem te empurrar, chega de mancinho e te conforta como um abraço apertado, longo e demorado.

Essa onda veio até a margem e levou de volta consigo o que não pertence a areia. Foi como um assopro forte na borracha esmerilhada sobre o rascunho de papel. A água fria que lava o rosto pela manhã. O banho quente no início da noite após um dia cansativo no trabalho. A lágrima sutilmente enxugada pelo lenço de papel.

Está limpo, vazio e precisando ser preenchido. Agora o rascunho já pode ser reescrito. O rosto está limpo para mais um dia. O corpo descansado para o aconchego da cama e o cobertor. Já as lágrimas estão secas, mas os olhos permanecem vermelhos. Isso leva um tempo, mas não muito.