Eu que não me abalo, que não me faço de fraco. Eu que
procuro alternativas até encontrar uma solução. Eu que não desisto enquanto o
desejo ainda vive em mim. Vou soluçar e esfregar uma mão na outra, levantar da
cadeira e sair para respirar. Eu que não me prendo ao sufoco.
Que quando ainda sinto, volto atrás. Que não paro de pensar
um só minuto, de te olhar sempre que posso, de te ler quando possível. Sinto
seu desespero mesmo que de longe. Procurando maneiras de mostrar que está sendo
forte para se sentir melhor. Pensando em tudo e todos, menos em você.
Não te convido para um café, conversas ao vento para
distrair. Então rir dos problemas, da falta de maturidade daquele momento,
daquele dia. Porque no final teremos aquele abraço sincero como o de
rodoviária. Da alegria de um encontro e o coração apertado na despedida. Sinto
falta de cada um deles, de cada risada vinda através das palhaçadas.
Pois não sei te dizer isso. Prefiro me ausentar, não saber
se ainda se importa. Se faz ideia de quanto penso, lembro e ainda desejo.
Sugiro que suma também e não me mande notícias. Nem uma linha sequer.
Mas acabarei por respirar na frente do espelho até conseguir
escrever o seu nome, olharei para o telefone e esperarei talvez você ligar. Vou
ler cada mensagem e interpretá-las sempre com um tom de esperança, de que ainda
resta um sentimento aí.
Nos meus sonhos vou te ignorar, desprezar e me afastar até
acordar, porque a lucidez não me permite. Teima em te seguir, de querer ainda
te sentir, nem que seja um tiquinho.
Mas essa lucidez me confunde, não permite que eu pare por
mim. Que decifre cada pensamento e o porquê de tanto sofrimento. Desconheço
esse sentimento, não me lembro ao certo o poder de sua intensidade.
Tem nome. Uma palavra linda, doce, sutil, mas que faz
estragos se não souber usá-la. Por isso não digo, não resumo o que sinto, não
simplifico, não oculto os detalhes. Pois a cada dia se renova e não me importo
em te explicar tudo novamente, com todas as letras.
O ‘eu te amo’ são para os preguiçosos.