segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Amor industrializado

Aos que hoje enfrentam a dura batalha da desilusão amorosa, daquela paixão foiçada pelo meio sem dar sinal de chegada e nem de saída. A dor que não se cura com remédio e que as memórias insistem em nos perfurar com lanças de saudade. É o medo dos dias desconhecidos que estão por vir. Medo da ausência e a aproximação da carência.

A carência é um estado de baixa imunidade. Somos facilmente contagiados por qualquer demonstração de carinho. A solidão se torna um paciente em fase terminal. O amor é um viral.

Normalmente engolimos o comprimido amargo do equívoco. Um conta-gotas do tempo que desce azedo pela garganta e nos faz delirar pela sala de espera de um novo amor.

Então vem a busca pela ocupação do leito vazio que foi deixado por outro paciente. Miramos em um novo relacionamento, o que não é a melhor receita. Entrar em outro para esquecer o anterior é tentar transferir sentimentos.

O chamado “Amor industrializado”, esses que pegamos quase pronto. Sempre tem prazo de validade. Cada pessoa tem seu próprio espaço, como um recipiente, onde cada um tem sua dose de sentimento para dar e receber. É brincar com o sentimento alheio. Tamanha irresponsabilidade.

É um impulso para querer se livrar de uma dor e que normalmente a usamos como instrumento para medir o tamanho do nosso sentimento. Não se mede o amor pelo tamanho do seu sofrimento.

Repouse, pois o amor também recebeu alta.

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