segunda-feira, 1 de julho de 2013

Manifestação do amor

Seja uma faixa de pano ou cartolina, pouco importa, pega a tinta e pinta a sua insatisfação. Escreve torto, pois é mais romântico e menos artificial. Rabisca o sentimento guardado há tempos de sofrimento. Todos saberão do seu pesar, muitos abraçarão a sua causa e manifestarão apoio.

Vamos às ruas atrás do nosso direito de ser feliz, de pedir mais alegria em nossos dias, reivindicar a compaixão esquecida pela tormenta da rotina. Gritaremos palavras de ordem contra a repressão que inibiram as paixões proibidas e os amores que não seguem a lei do destino.

Com meu cartaz em mãos exijo menos solidão, menos desconfiança, menos insegurança e menos mentiras. Ao meu lado alguém protesta pedindo mais sinceridade, mais respeito e mais carinho. Ninguém aguenta mais tantos impostos no amor. Troco vinte centavos por vinte longos suspiros.

Os protestos continuam. Muitos nas ruas, mas poucos sabem o que realmente querem. Há os alienados, os politizados e os aproveitadores. De repente me vejo enquadrado por se aproveitar da ocasião, de abusar da fragilidade de alguém com o coração desguarnecido, um ato de vandalismo em causa própria.

As ruas foram um pretexto para fugir da solidão. Para encontrar – quem sabe – uma companheira para lutarem juntos pelas causas sociais e matrimoniais. Nada de política e economia. Fazemos parte da geração do desapego, mas que agora estão cansados de acordar sem ouvir um "bom dia" vindo do travesseiro ao lado.

É a revolta dos desamados, dos que cansaram de não ter alguém do lado, que foram às ruas para protestar e se apaixonar. É a manifestação do amor.  

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