Seja uma faixa de pano ou cartolina, pouco importa, pega a
tinta e pinta a sua insatisfação. Escreve torto, pois é mais romântico e menos
artificial. Rabisca o sentimento guardado há tempos de sofrimento. Todos saberão
do seu pesar, muitos abraçarão a sua causa e manifestarão apoio.
Vamos às ruas atrás do nosso direito de ser feliz, de pedir
mais alegria em nossos dias, reivindicar a compaixão esquecida pela tormenta da
rotina. Gritaremos palavras de ordem contra a repressão que inibiram as paixões
proibidas e os amores que não seguem a lei do destino.
Com meu cartaz em mãos exijo menos solidão, menos desconfiança,
menos insegurança e menos mentiras. Ao meu lado alguém protesta pedindo mais sinceridade,
mais respeito e mais carinho. Ninguém aguenta mais tantos impostos no amor. Troco
vinte centavos por vinte longos suspiros.
Os protestos continuam. Muitos nas ruas, mas poucos sabem o
que realmente querem. Há os alienados, os politizados e os aproveitadores. De repente
me vejo enquadrado por se aproveitar da ocasião, de abusar da fragilidade de
alguém com o coração desguarnecido, um ato de vandalismo em causa própria.
As ruas foram um pretexto para fugir da solidão. Para encontrar
– quem sabe – uma companheira para lutarem juntos pelas causas sociais e
matrimoniais. Nada de política e economia. Fazemos parte da geração do desapego, mas que agora estão cansados de acordar sem ouvir um "bom dia" vindo do travesseiro ao lado.
É a revolta dos desamados, dos que cansaram de não ter alguém
do lado, que foram às ruas para protestar e se apaixonar. É a manifestação do amor.
Maravilhoso tetxo!
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