Há um tempo buscávamos a certeza de que sabíamos do que
queria. Procurávamos o mesmo que todos procuram. Uma rápida solução, o despejo
de uma agonia, os traços desconcertados de um sorriso sem sentido, o olhar sem
direção.
Encaro como uma aventura a dois, mas que na verdade é a
minha viagem insólita em busca do paraíso perdido; ou que talvez nunca tenha
sido encontrado, quiçá existido.
É a procura pelo desconhecido, uma ameaça fantasma que
assombra de quem se aproxima. Começa assim, sem destino, uma viagem só de ida, mas
com a possibilidade de parar no meio do caminho. Sempre para. Tem sempre algo cativante
que notamos olhando pela janela.
Embarco acompanhado, mas desço sempre sozinho. É o zelo pela
minha própria excursão na que teimamos em chamar de vida. O que interpreto pela
janela é individual, faz parte da minha ótica, vejo e depois imagino. Desço e
depois construo. Destruo se for o caso.
Há quem descreve o que há do lado de fora com uma canção para
quem leva sempre na bagagem o seu violão. Outros retratam em uma tela pintada ou
até num rascunho em uma folhinha de papel. Existe sempre uma forma de registrar
o que se passa ao seu lado para depois recordar. O que não é o meu caso. Vou lá
e vivo, faço uso, desfruto, atribuo valor a palavra existir.
Peço que pare e dou um até logo. Não gosto de despedidas, muito
menos lágrimas. Encontrastes-me no meio do caminho, por isso não há motivos
para desperdiçar seu choro. Sigamos nossos rumos, a quem tem coragem, espírito
aventureiro, quem leva sempre o próprio travesseiro ou apenas um trocado para
bancar suas doses e seus tragos.
A viagem tem o destino certo para todos, menos para quem
viaja com a cortina aberta.
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